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Bebidas Alcoolicas e Aterosclerose

Bebidas alcoolicas e aterosclerose

Segundo dados do ministério da Saúde, ANVISA e da Organização Mundial da Saúde as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis pelos maiores aumentos de morbidade e mortalidade mundial. O diabetes mellitus, as doenças cardiovasculares e a obesidade são os que mais impactam a saúde pública no Brasil e no mundo. 1

Nos países desenvolvidos e na quase totalidade dos países ditos emergentes, as doenças cardiovasculares (DCVs) representam a principal causa de mortalidade e incapacidade entre indivíduos de ambos os sexos. Constituem uma das principais causas de internações hospitalares prolongadas e são as grandes mobilizadoras dos recursos públicos.2-3

Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento das DCVs, aqueles relacionados aos hábitos alimentares inadequados têm recebido especial atenção.

Estudos apresentam relação positiva entre as características qualitativas e quantitativas da dieta e a ocorrência de distúrbios metabólicos em populações de todas as faixas etárias.4,5

Os hábitos alimentares tornaram-se marcadores de risco, uma vez que o consumo elevado de gorduras e açúcares, associados ao baixo consumo de fibras, atua na etiologia das dislipidemias, obesidade, hipertensão, diabetes, entre outros fatores. 4

Estudos de intervenção alimentar comprovam, os efeitos metabólicos de uma dieta aterogênica sobre essas patologias.4-6

A V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, bem como a Diretriz de Tratamento e Acompanhamento do Diabetes Mellitus, da Sociedade Brasileira de Diabetes, estabelecem recomendações acerca dos percentuais mais adequados para o consumo de vários nutrientes, entre eles o álcool em baixa dose 6-7

Entretanto, a prática clínica comprova que os pacientes desconhecem as diferenças entre os alimentos, nutrientes e seus alimentos-fonte, como demonstrado em estudo conduzido no Distrito Federal com pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 questionados sobre alimentação e saúde. Evidenciou-se que 38,9% dos indivíduos acreditavam que as margarinas são mais saudáveis que os óleos vegetais, 30,2% não souberam responder, e 32,1% afirmaram que os óleos vegetais contém colesterol.8

Um dos maiores exemplos da inserção de processos educacionais em nutrição, reside na recomendação para a redução do consumo de gorduras saturadas e trans e a inclusão das mono e polinsaturadas na dieta que é comprovada por estudos que confirmaram a relação direta entre o consumo e a evolução das doenças cardiovasculares.;9;10,11

As bebidas alcoolicas estão inseridas na alimentação do homem desde tempos remotos, compondo o cardápio de banquetes, rituais religiosos e momentos de confraternização12

Alguns estudos clínicos estudos tem demonstrado que o consumo moderado de álcool, está associado com redução de doenças cardiovasculares e mortalidade e que o etanol é capaz de aumentar o nível de lipoproteínas de alta densidade (HDL-C, o Colesterol "bom"), diminuir a agregação plaquetária, além de outros benefícios e todos estes mecanismos são associados a um baixo risco de doenças cardiovasculares. 13

No entanto, alguns autores relacionam nutrientes antioxidantes presentes nas diversas bebidas alcoolicas como importantes adjuvantes na redução dos processos de desenvolvimento da aterosclerose de forma independente ao teor alcoolico das bebidas. 14-15

 Autor: Daniel Magnoni

Referências Bibliogáficas

  1. World Health Organization. The World Health Report. Statistical Annex. [citado 27 jan 2011]. Disponível em: www.who.int/en/.
  2. Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônico-degenerativas e  obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde [citado 20 Fev 2011]. Disponível em: http://www.opas.org.br/ sistema/arquivos/d_cronic.pdf.
  3. Prefeitura do Municipio de São Paulo. Secretaria de Saúde. Programa de Aprimoramento das informações de mortalidade – PRO-AIM. [citado 27 Jan 2011]. Disponível em: www.prodam.sp.gov.br/.
  4. The World Health Report 2004. Global strategy on diet, physical activity, and health. Geneve: World Health Organization; 2004.
  5. Jakobsen MU, O'Reilly EJ, Heitmann BL, Pereira MA, Bälter K, Fraser GE, et al. Major types of dietary fat and risk of coronary heart disease: a pooled analysis of 11 cohort studies. Am J Clin Nutr 2009;89(5):1425-32IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2007;88(suppl I):2-19.
  6. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. AC Farmacêutica, 2008.
  7. Fontinele RSS, Peres LCL, Nascimento MAB, Boni MS. Avaliação do conhecimento sobre alimentação entre pacientes com diabetes tipo 2. Com Ciências Saúde 2009;18(3):197-206.
  8. Hu FB, Stampfer MJ, Manson JE, Rimm E, Colditz GA, Rosner BA, Hennekens CH, Willett WC. Dietary fat intake and the risk of coronary heart disease in women. N Engl J Med 1997;337:1491-1499.
  9. De Lorgeril M, Salen P. Mediterranean-style diet for the prevention of cardiovascular diseases. Public Health Nutr. 2006;9(1A):118-23.
  10. Psaltopoulou T, Naska A, Orfanos P, Trichopoulos D, Mountokalakis T, Trichopoulou. Olive oil, the Mediterranean diet, and arterial blood pressure: the Greek European Prospective Investigation into cancer and Nutrition (EPIC) study. Am J Clin Nutr, 2004;80:1012-18.
  11. Fischhler C., Masson E. Comer. A alimentação de franceses, outros europeus e Americanos. Ed. SENAC SãoPaulo, 2010
  12. Constanzo S, et al. Wine, beer or spirit drinking in relation to fatal and non-fatal cardiovascular events: a meta-analysis. Eur J Epidemiol.2011.
  13. Blanch GC, Condines X, et al. The non-alcoholic fraction of beer increases stromal cell derived factor1 andthe number of circulating endothelial progenitor cells in high cardiovascular risk subjects: A randomized clinical trial. Atherosclerosis. 233 p.518e524. 2014.
  14. Fantozzi, P. et al. In vitro antioxidant capacity from wort to beer. Lebensm.-Wiss. u.-Technol., v. 31,p. 221-227, 1998.

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