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Shakes: indicação imprecisa - desequilíbrio nutricional

 A procura por soluções rápidas nos processos de emagrecimento sempre seduziu o homem.
Na literatura médica, bem como, em textos leigos/científicos disponíveis e de fácil acesso, existem um  grande aparato de informações distorcidas e enganosas versando sobre saúde, nutrição, bem estar e soluções milagrosas, principalmente em obesidade.
Os profissionais de saúde envolvidos com ações nutricionais, médicos e nutricionistas, demandam muito tempo da relação com o paciente explicando e discutindo conceitos adquiridos de forma aleatória e, o que é espantoso, “aprendidos” em entrevistas de profissionais “também” da saúde.
 Os shakes, rotineiramente divulgados nos meios de propaganda, constituem uma categoria no limite extremo do marketing barato e enganoso.
 Podemos e devemos indicar suplementos nutricionais em inúmeras patologias. O cardiologista via de regra encontra  pacientes que necessitam receber  aporte nutricional específico por determinado período. Pacientes em pós operatório recente, idosos, diabéticos, em tratamento de processos neoplásicos e desnutridos são bons exemplos da terapia com suplementos nutricionais
 Mas a realidade desses suplementos válidos e cientificamente direcionados não pode ser usado de forma correlata no tratamento da obesidade.
 A panacéia fácil, pragmática e resolutiva, como é propagada na propaganda dos shakes, pode tornar-se o vilão da desnutrição, alterações metabólicas graves e causadora de síndromes disabsortivas severas.
 Inúmeros trabalhos científicos muito bem conduzidos, por longos períodos e em número expressivos de indivíduos, demonstraram que a perda de peso inicial é considerável, no entanto, ela se esvai em poucas semanas, se soma a distúrbios metabólicos como hipopotassemia e hipomagnesemia. A má nutrição advinda do uso constante desses suplementos pode causar atrofia de mucosa intestinal e distúrbios metabólicos severos.
 No prazo moderado a perda de peso é equivalente no grupo com uso de shakes e no de dietoterapia orientada por profissionais da área. No grupo acompanhado com dietas balanceadas e mudança dos hábitos de vida, como atividade física, houve melhora significativa de outros parâmetros como: perfil lipídico e níveis de pressão arterial.
 A perda de peso no grupo dos shakes foi comumentemente sucedida por processo
de aumento do peso, o famoso efeito sanfona. Em cada fase de engorda  / emagrece houve um importante incremento no risco cardiovascular.
 O uso dos shakes por longos períodos pode conduzir a importante diminuição da massa magra, osteoporose e dificuldade no controle do nível glicêmico em diabéticos. 
         As regras da ANVISA, seguidas pelos fabricantes, conforme indicado na matéria publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, podem estar sendo seguidas a risca. Na realidade, os rótulos expressam conteúdo e determinações legais, não servem para indicação clínica, não definem seguimento nem orientam parâmetros de acompanhamento em saúde.
 Os profissionais médicos, principalmente os cardiologistas devem estar sempre atentos, não somente  a prescrição do receituário, devem conversar com os pacientes acerca dos hábitos nutricionais e das formas de alimentação coadjuvantes ao tratamento médico, principalmente se essas vierem no bojo das entrevistas irresponsáveis, das conferencias direcionadas ou  do “achismo ‘leigo.

Dr. Daniel Magnoni
Cardiologista, Nutrólogo
Diretor do ImeN – Instituto de Metabolismo e Nutrição
Chefe da Seção de Nutrição Clínica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

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